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    EFOMM, Entrevistas » quinta-feira, 7 de outubro de 2010 »
    Entrevista com o Capitão Tenente Godoy

    Em que ano ingressou na Efomm?

    Em 1991 e me formei em 1993, na época as turmas ficavam dois anos e meio na escola e faziam a praticagem, então eu terminei a minha praticagem no início de 1994.

    A Efomm sempre foi seu sonho?

    Até o segundo ano do ensino médio eu queria ser do exército , não imaginava ser da marinha de guerra. Porém no ultimo ano conheci a Efomm por um primo que se formou em 1988 e já era mercante e também por intermédio de colegas e professores. Daí eu fiquei interessado, fiz prova e passei pro exército e pra Efomm e escolhi a segunda opção. Posso dizer que foi meu sonho durante o ensino médio e durante o tempo em que estive na marinha Mercante.

    Quando estudava na Efomm,como era a rotina?

    A rotina era diferente, pois nós não tínhamos aulas a tarde e por isso a carga horária era menos intensa. A Parada era após o almoço e era diferente porque todo dia nós desfilávamos pelo Alegrete e logo depois tínhamos o TFM. Com esse tempo livre nós podíamos resolver problemas, consultar a biblioteca, fazer o TFM com mais tranqüilidade, resolver problemas nas companhias com os oficiais que na época eram todos mercantes exceto o Comca e o Imca.

    Quais as dificuldades encontrou quando aluno?

    Quando aluno o nosso problema não era a escola, salas de aula,camarote até porque o quantitativo de alunos era pequeno, a minha turma entrou com 55 alunos. O grande problema era as perspectivas de mercado que na nossa época eram bem ruins. Alguns amigos tiveram dificuldade de arrumar emprego após a praticagem. Então a nossa maior preocupação era depois da Efomm,o mercado de trabalho estava muito ruim.

    Sentiu falta de algo da época de Escola?

    Em primeiro lugar da juventude, quando somos mais novos nossos horizontes são mais amplos e tudo parece ser mais fácil, e depois com o passar do tempo nós vemos que as coisas são mais difíceis. Além disso, sinto falta dos amigos que por causa da profissão acabam se distanciando bastante e raramente se tem a oportunidade de manter uma amizade dentro da profissão. E outra coisa que ainda penso é que poderia ter aproveitado mais a escola, isso a gente só percebe depois que vai embora.

    Pertenceu a qual equipe?

    Eu pertenci à equipe de remo Escaler, mas também fazia judô.Conciliei as duas equipes até a metade do primeiro ano e depois fiquei só no judô até me formar.

    Fez a praticagem em que empresa?Foi uma boa experiência?

    Tanto na praticagem quanto em todo o tempo em que trabalhei na Marinha Mercante pertenci a Empresa Aliança, a qual considero uma grande família e sempre tenho boas lembranças de todas a pessoas com quem trabalhei , então não tenho experiência em outra empresa, foram cinco anos como mercante trabalhando nela.

    O Senhor foi Maquinista ou Piloto?

    Maquinista.Na minha época de aluno o mercado de trabalho era melhor para quem era maquinista. Não me arrependo pela minha escolha, continuo sendo maquinista na marinha de guerra. Mas fui maquinista na Mercante com muita honra.

    Passou alguma necessidade ou situação de emergência no navio?

    Necessidade a gente sempre tem porque sempre há falta da família, a saudade de casa é complicada. Existem diferentes tipos de empresa, cada navio é um tipo de marinha mercante, então vai depender da empresa em que estiver. Ou até mesmo a tripulação do navio, as condições dele influenciam. Tudo depende da situação, é difícil definir.Mas já sofri alguns pequenos acidentes, às vezes por imprudência das pessoas que estavam trabalhando junto e em uma delas quase perdi um dos olhos.

    Quais as felicidades que a carreira lhe trouxe?

    Bem, não são felicidades, mas sim coisas boas para guardar, a primeira delas é valorizar certas coisas que quem tem uma vida normal passa despercebido, que é a oportunidade de voltar para casa todo o dia, ver a sua família, acompanhar o crescimento dos filhos. Quem passou pela mercante sempre dá mais valor a isso. E ver que às vezes o dinheiro não é tudo, você pode ganhar dinheiro, mas se não puder usufruir disso com quem gosta não vale a pena. Segundo é a experiência de vida que ganhamos, nós passamos a nos conhecer melhor, pois ficamos um tempo sozinhos, para amadurecer isso é muito importante. Além das amizades que acabamos fazendo por estarmos no mesmo barco, vamos dizer. As pessoas lá dentro entendem as nossas necessidades e por isso os laços de amizade são forjados, e com isso acabamos fazendo bons amigos que mesmo com o tempo e distância lembram com saudosismo daquela época em que embarcamos juntos.

    Por que saiu da Marinha Mercante?

    Eu tinha os meus planos futuros de vida, e um deles era ter um filho. Eu sabia que na marinha mercante seria complicado acompanhar o crescimento e formação dele. A família também influencia bastante, a esposa ou marido acabam cobrando a ausência de casa e, além de tudo isso, eu creio que quanto mais tempo se permanece na Marinha mercante mais difícil é de sair dela, pelo menos na época em que eu trabalhava. Então procurei aprender e me estabelecer e conquistar outros objetivos que surgiram na época, um deles foi a Marinha de Guerra.

    E como ingressou na Marinha de Guerra após deixar a mercante?

    Na década de 90 iniciou-se um processo seletivo para quem era oriundo da Efomm, foi uma opção que surgiu e eu acabei ingressando e atualmente estou na marinha de guerra há onze anos.

    E quanto tempo levou até ser promovido a Capitão Tenente?

    O oficial da Marinha de Guerra possui um plano de carreira, então existe um interstício entre postos,por exemplo, cinco anos como tenente , sete ou oito anos como capitão tenente. O meu caso se iguala ao dos oficiais oriundos da Escola Naval que é o corpo da Armada, então são dois anos de segundo tenente, três anos de primeiro tenente, e em seguida vem a promoção a Capitão Tenente. Eu já estou no sexto e último ano de Capitão Tenente para depois passar a ser oficial superior.

    Pretende continuar na Marinha do Brasil?

    A princípio sim, não vejo motivo para sair da Marinha de Guerra, pretendo continuar minha carreira.

    Gostou de retornar a efomm ?

    Quando ingressei na Marinha de Guerra um dos meus sonhos que era bem distante da minha carreira era poder voltar aqui para dar aulas aos alunos da efomm, e eu não tenho a oportunidade de dar aula de máquinas, que é o que eu me formei. A minha carreira se distancia da Efomm,o oficial mais talhado para estar aqui seria um oficial do quadro técnico,por exemplo. Eu sei que às vezes pode até prejudicar um pouco a minha carreira, mas a satisfação que eu tenho de estar aqui, justamente pelo meu passado ter sido esse e até tentando resgatar algumas coisas que ficaram para trás, e melhorar outras coisas que surgiram. Melhorar a escola para mim e para o Imca é uma satisfação, mesmo com muito trabalho e muitos aborrecimentos e preocupações é muito bom poder ajudar a escola que “nos criou”.

    E para finalizar, o senhor poderia deixar uma mensagem para os alunos como um incentivo para se manterem firmes no objetivo de serem mercantes?

    Primeira coisa: um oficial não é feito de um dia para o outro, não é quando vocês se formarem nem quando terminarem a praticagem. É no dia-a-dia, é com o tempo que vocês vão se tornar verdadeiros oficiais mesmo. Segundo é tentar sempre aprender uma coisa nova com bons e maus exemplos, os bons vocês seguem, os maus não façam. Terceiro é nunca ouvir só uma versão da história, procurar ter conhecimento antes de tomar uma decisão ou ter qualquer opinião a respeito daquilo, eu digo isso porque já fui aluno da efomm e pensei de uma forma sobre a Marinha de Guerra e quando entrei vi que não era como eu pensava, então eu já tive preconceitos sobre uma coisa que não conhecia. E por último, não se limitem às bordas falsas do navio, o mar é muito grande. Então se vocês têm sonhos na marinha Mercante ou fora dela, não se limitem, não parem de sonhar, não desistam dos seus objetivos. Pensando assim vocês irão conseguir.

    Por Al. Camila Paulino

    Comentários

    1. Fernanda Layne disse:

      Ótima matéria, muito boa mesmo.

    2. Canabarro disse:

      Atualmente como está o mercado de trabalho ao terminar os 3 anos de curso e o ano de praticante??

    3. Aline Detoni disse:

      Boa noite Canabarro. O mercado de trabalho está aquecido no momento.

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