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    Sem categoria » quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012 »
    Capitania dos Portos de Sergipe homenageia prático

    Zé PeixeNo dia 6 de janeiro, a Capitania dos Portos de Sergipe prestou uma homenagem ao Prático José Martins Ribeiro Nunes, conhecido internacionalmente pelo apelido de “Zé Peixe”, por ocasião do seu aniversário de 85 anos. A cerimônia foi realizada durante a reinauguração da Praça dos Heróis, em Aracaju (SE), que foi reformada e contemplada com um novo projeto urbanístico.
    O evento contou com a presença de diversas personalidades sergipanas, tendo começado com a recepção ao Prático “Zé Peixe” e sua irmã ”Rita Peixe” pelo Capitão dos Portos, Capitão-de-Fragata Eron Gantois Marçal, e tripulação da Capitania. Em seguida, foi realizado o cerimonial à Bandeira Nacional e a leitura da Ordem do Dia alusiva ao aniversário do prático. No final, o homenageado e o Capitão dos Portos descerraram a placa de reinauguração da Praça dos Heróis.
    Ao longo de cerca de seis décadas, “Zé Peixe” exerceu a sua atividade de prático. Por várias ocasiões esteve presente em salvamentos de vida humana no mar, que lhe renderam, entre outras, uma homenagem pública na cidade de Natal, quando participou do salvamento de três remadores potiguares, e o recebimento de medalha de honra ao mérito pelo salvamento de dois marinheiros do Rebocador “Guarani”.
    Seus feitos heroicos, seu vigor físico que lhe permitia nadar cerca de 10 km por dia até os navios, sua maneira de trabalhar até os 82 anos e seu modo simples de viver o tornaram um dos práticos mais conhecidos do mundo, sendo chamado pelos estrangeiros de “Joe Fish”.

    Reportagem retirada na íntegra do site da Marinha do Brasil (www.mar.mil.br)

    Para enriquecer nosso artigo, segue o relato pessoal do ex-Comandante da Marinha Mercante Pedro de Souza.

    Senhores, causou-me muita emoção ao ver esta foto do Zé Peixe e de sua irmã sendo homenageados pela Capitania dos Portos de Sergipe.
    Hoje,com 74 anos de idade, sou um velho engenheiro aposentado e ex-comandante da Marinha Mercante Brasileira e, por vezes também escritor. Quando tinha 13/14 anos morava em Aracajú, e alí defronte à casa dele, todo domingo, eu e mais outros moleques da minha idade embarcávamos em seu barquinho e seguíamos por dentro daqueles canais do manguezal até a praia da Atalaia, para curtirmos o banho de mar e pegar jacaré. Não tenho palavras para definí-lo como um ser humano humilde, maravilhoso!! Muitos anos de vida Zé e Maria Peixe. Estarão sempre no meu coração.

    Ver abaixo um pequeno texto do meu livro – Caminhos – Uma Viagem ao Passado:
    “Depois de algum tempo, consegui fazer amizade com uma dessas pessoas que possuía barco e que era muito conhecida ali em Aracaju – era o Seu Zé Peixe, famosíssimo pela sua grande habilidade de nadador e que, na época, só como exercício, atravessava a nado, da frente da sua casa, ali às margens do rio, indo até a Ilha dos Coqueiros, na outra margem, e voltando sem descansar, o que às vezes era seguido também por sua irmã, Rita Peixe. Quem conhece a largura do rio nesse local e a força da correnteza, sabe quão difícil seria fazer essa travessia a nado.
    O barquinho de Zé Peixe aos domingos pela manhã estava sempre lotado de caronas, pois Seu Zé era uma pessoa muito boa e simples e não sabia dizer não se ele pudesse ajudar. O barco, já lotado, partia em seguida, margeando a beira do rio por um certo tempo e, em seguida, se adentrava em um dos canais do manguezal, que nos levaria até próximo à praia. Encalhávamos o barco e a turma partia para a praia, que ficava um pouco mais à frente. Logo nos espalhávamos e eu, com alguns outros colegas, íamos beirando a praia ainda deserta, indo mais à frente, a fim de encontrar o melhor coqueiro para subir e arrancar cocos. A tarefa na verdade não era muito fácil, pois tinha que ficar um bom olheiro embaixo, observando se viria alguém nos afugentar com cachorro, enquanto outro subia para escolher o melhor cacho de cocos mole e derrubá-los um a um, ou cortar o cacho com uma peixeira e despencá-lo lá de cima. Era emocionante e divertido ao mesmo tempo, quando não tínhamos que quase despencar de cima do coqueiro lá embaixo e sair correndo em direção à praia, antes de sermos atacados pelos cães. Mas, na maioria das vezes, tínhamos sucesso e aí então levávamos os cocos para a praia e, num local já bem distante dali, íamos saborear a deliciosa água e carne dos cocos da Atalaia. A manhã passava muito rápido entre o delicioso saborear dos cocos e as emoções dos jacarés que fazíamos nas enormes ondas deslizando de peito até chegarmos à areia. Já início da tarde, todos voltamos para apanhar o barco do Seu Zé Peixe, que, antes de chegar ao destino, pelo meio do caminho, dava uma paradinha próximo ao farol novo, a fim de apanharmos alguns cajus nos enormes cajueiros que por ali havia em grande número naquele areal.”

    Pedro de Souza

    Comentários

    1. Pedro de Souza Silva disse:

      Senhores, causou-me muita emoção ao ver esta foto do Zé Peixe e de sua irmã sendo homenageados pela Capitania dos Portos de Sergipe.
      Hoje,com 74 anos de idade, sou um velho engenheiro aposentado e ex-comandante da Marinha Mercante Brasileira e, por vezes também escritor. Quando tinha 13/14 anos morava em Aracajú, e alí defronte à casa dele, todo domingo, eu e mais outros moleques da minha idade embarcávamos em seu barquinho e seguíamos por dentro daqueles canais do manguezal até a praia da Atalaia, para curtirmos o banho de mar e pegar jacaré. Não tenho palavras para definí-lo como um ser humano humilde, maravilhoso!! Muitos anos de vida Zé e Maria Peixe. Estarão sempre no meu coração.

      Ver abaixo um pequeno texto do meu livro – Caminhos – Uma Viagem ao Passado:
      “Depois de algum tempo, consegui fazer amizade com uma dessas pessoas que possuía barco e que era muito conhecida ali em Aracaju – era o Seu Zé Peixe, famosíssimo pela sua grande habilidade de nadador e que, na época, só como exercício, atravessava a nado, da frente da sua casa, ali às margens do rio, indo até a Ilha dos Coqueiros, na outra margem, e voltando sem descansar, o que às vezes era seguido também por sua irmã, Rita Peixe. Quem conhece a largura do rio nesse local e a força da correnteza, sabe quão difícil seria fazer essa travessia a nado.
      O barquinho de Zé Peixe aos domingos pela manhã estava sempre lotado de caronas, pois Seu Zé era uma pessoa muito boa e simples e não sabia dizer não se ele pudesse ajudar. O barco, já lotado, partia em seguida, margeando a beira do rio por um certo tempo e, em seguida, se adentrava em um dos canais do manguezal, que nos levaria até próximo à praia. Encalhávamos o barco e a turma partia para a praia, que ficava um pouco mais à frente. Logo nos espalhávamos e eu, com alguns outros colegas, íamos beirando a praia ainda deserta, indo mais à frente, a fim de encontrar o melhor coqueiro para subir e arrancar cocos. A tarefa na verdade não era muito fácil, pois tinha que ficar um bom olheiro embaixo, observando se viria alguém nos afugentar com cachorro, enquanto outro subia para escolher o melhor cacho de cocos mole e derrubá-los um a um, ou cortar o cacho com uma peixeira e despencá-lo lá de cima. Era emocionante e divertido ao mesmo tempo, quando não tínhamos que quase despencar de cima do coqueiro lá embaixo e sair correndo em direção à praia, antes de sermos atacados pelos cães. Mas, na maioria das vezes, tínhamos sucesso e aí então levávamos os cocos para a praia e, num local já bem distante dali, íamos saborear a deliciosa água e carne dos cocos da Atalaia. A manhã passava muito rápido entre o delicioso saborear dos cocos e as emoções dos jacarés que fazíamos nas enormes ondas deslizando de peito até chegarmos à areia. Já início da tarde, todos voltamos para apanhar o barco do Seu Zé Peixe, que, antes de chegar ao destino, pelo meio do caminho, dava uma paradinha próximo ao farol novo, a fim de apanharmos alguns cajus nos enormes cajueiros que por ali havia em grande número naquele areal.”
      Pedro de Souza